O mundo é muito vasto, repleto de lugares não apenas bonitos mas significativos, quer em termos naturais ou culturais. As pirâmides do Egito, a catedral de Notre Dame, na França, os Alpes Suíços e o Parque Yellowstone, nos EUA, são alguns exemplos. No Brasil, locais como os centros históricos de Ouro Preto e Olinda, ou áreas de pura natureza, como o Pantanal e Fernando de Noronha.
Não é por acaso que todos os lugares citados fazem parte de um grupo, denominado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), Patrimônio Mundial da Humanidade. Há mais de 40 anos – mais precisamente desde 1972, quando foi assinado o tratado internacional sobre o assunto – a UNESCO vem buscando identificar, proteger e preservar locais considerados de valor excepcional para a humanidade.
Além de incentivar governos e populações a cuidar desse patrimônio, a iniciativa da UNESCO acaba por aguçar a curiosidade em conhecê-lo. Anualmente, novas localidades passam a fazer parte dessa lista e a Jamaica, com suas Blue Mountains e John Crow, acaba de entrar no grupo.
Os dois conjuntos de montanhas, com cerca de 26.000 hectares, fazem parte de um parque de mesmo nome e com área total de 48.000 hectares. O terreno acidentado, porém cercado de vegetação exuberante, fontes e cascatas foi o cenário perfeito para que lá se instalasse, no século XVIII, um grande número de escravos fugidos, os Maroons. Aproveitando-se da mudança de colonizador, uma vez que a Inglaterra tomou a ilha das mãos da Espanha, rumaram para as montanhas e criaram vilas e cidades, passando a viver em liberdade.
Especificamente nesta área agora nomeada Patrimônio Mundial da Humanidade, viveu a tribo dos Windward Maroons. Guerreiros e bastante organizados, lutaram com os britânicos até que, em 1739, conseguiram um tratado de paz, garantindo sua liberdade e soberania na região.
Os Maroons vivem hoje em cidades como Charles Town, Scots Hall e Moore Town, desceram do topo das montanhas em direção ao vale do Rio Grande. Preservam, contudo, suas tradições na forma de governo, na música, na dança, no batuque e também na culinária e no uso de ervas medicinais. Tudo isso, somado aos resquícios das primeiras vilas e cidades no alto das montanhas é o que se pretende preservar em termos culturais.
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No que tange aos aspectos naturais, a área possui um dos habitats considerados raros nas montanhas tropicais, denominado floresta nublada (devido a ocorrência frequente de neblina baixa, na altura das copas das árvores). Além de inúmeras árvores e plantas nativas, as montanhas são refúgio para espécies como a borboleta rabo-de-andorinha e pássaros como o Jamaican Blackbird e o Jamaican Tody. Finalmente, as cadeias montanhosas fornecem mais de 40% da água consumida pela população da Jamaica, além de água para uso na agricultura, indústria e comércio.
As paisagens encantadoras da Jamaica, muitas delas captadas do alto das montanhas, podem ser vistas em “Beneath Jamaican Skies”. O filme foi produzido pelo canadense Levi Allen, que utilizou o processo cinematográfico de time-lapse, aquele em que o tempo parece correr mais depressa. É uma boa maneira de traduzir em imagens um pouco da exuberante natureza da ilha.
Certamente, a denominação atribuída pela UNESCO às montanhas jamaicanas é mais do que justa. Esperamos que o fato sirva de inspiração para conhecer não apenas as Blue Mountains mas também outros belíssimos e importantes locais na Jamaica que futuramente, quem sabe, também possam integrar esse grupo.