Já é mais do que sabido que o reggae, nascido na Jamaica, espalhou-se pelo mundo e influenciou diversos artistas e bandas. Porém, outro fenômeno que vem acontecendo ao longo dos últimos 10 anos, são as versões reggae de canções que originalmente fizeram sucesso em ritmos que vão do rock ao country. Assim como o Sambô faz no Brasil, transformando tudo em samba, alguns grupos são praticamente especialistas em transformar tudo em reggae.
Talvez o mais famoso de todos, a banda jamaicana/americana Easy Star All-Stars, lançou, em 2003, sua interpretação para o clássico “The Dark Side of the Moon”, de Pink Floyd. Com o título de “Dub Side of the Moon”, o álbum traz as faixas na mesma ordem do original, todas retrabalhadas e, de fato, muito interessantes. A partir do sucesso desse projeto, a banda lançou, em 2006, “Radiodread”, com covers do álbum “OK Computer”, do Radiohead. Três anos mais tarde, lançou um tributo ao disco dos Beatles, “Sgt.Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, chamado “Easy Star’s Lonely Hearts Dub Band” e, em 2012, foi a vez de homenagear “Thriller”, de Michael Jackson, com “Easy Star’s Thrillah” (ouça abaixo). Os fãs dos originais, como esperado, ficaram apreensivos, temendo que os tributos ficassem parecendo paródias. Felizmente, não foi que aconteceu: músicos competentes e vozes bem escolhidas para cada faixa, arranjos harmoniosos e participações especiais de peso, fizeram com que os 4 discos fossem respeitados e ganhassem seu próprio público.
Outra banda que tem feito um belo trabalho, na mesma linha, é Radio Riddler. Na verdade, trata-se de um duo, Brian Fast Leiser e Frank Benbini, integrantes da banda americana FLC (Fun Lovin’ Criminals). Começaram com um EP, fazendo versões reggae de 5 canções de Marvin Gaye, nas quais utilizaram sua voz à capela. Depois, lançaram seus remixes favoritos no álbum “Dubplate’s Volume 1” e, recentemente, comemorando os 30 anos do lançamento de “Purple Rain”, de Prince, produziram “Purple Reggae” (ouça abaixo). Com participações especiais como as de Ali Campbell, do UB40, cantando Purple Rain, e Sinead O’Connor, em I Would Die 4 U, o resultado realmente surpreende e explica os longos 5 anos de execução do projeto, assim como os mais de 20 milhões de cópias vendidas.
Dois outros exemplos de discos-tributo são o “80’s Go Reggae” (ouça abaixo) e o “Reggae’s Gone Country”. No primeiro, grandes sucessos dos anos 80, como Holding Back the Years, do Simply Red e Nothing Compares 2U, de Prince (mas que estourou na voz de Sinead O’Connor), muitas vezes até melhoraram os originais, um pouco melosos ou muito datados daquela década. Um álbum para morar no seu tocador de música e ouvir sempre que der vontade.
Já o “Reggae’s Gone Country” (ouça abaixo) é mais irregular. Nem todas as canções combinam muito com o novo ritmo, o que faz com que o produto final pareça mais um reggae de Nashville, bastante profissional, mas sem o calor e o jingado de Kingston. Vale conferir a pegada jazz em Don’t It Make My Brown Eyes Blue, com a jamaicana ganhadora do The Voice USA, Tessanne Chin, e a versão bem animada de Freddie McGregor para The King of the Road.