A Jamaica tem uma extensão territorial de aproximadamente 11.000 km². Sergipe, o menor estado brasileiro, tem cerca de 22.ooo km². Essa comparação serve apenas para ilustrar a pequena dimensão territorial da Jamaica no planeta, porém, ajuda a tornar ainda mais surpreendente a importância dessa pequena ilha no universo da música.
Até os anos 1940, na Jamaica, havia pouco acesso à musica que se ouvia pelo mundo. Uma única emissora de rádio transmitia basicamente notícias e tocava umas poucas canções americanas. Entre os anos 1940 e 1950, no entanto, esse panorama mudou drasticamente. Começaram a aparecer os sound systems, que trouxeram música às ruas e às festas; a invenção do transistor popularizou os rádios e os espalhou pelas casas, lojas e escritórios; com tantos aparelhos, a ilha ganhou duas emissoras de rádio realmente estruturadas e capazes de entreter o público.
O país que em sua alma, na alma de seu povo majoritariamente negro, era musical somente através do folclore e das músicas religiosas, começaria a tornar-se um grande produtor de gêneros musicais e grandes cantores. Em 1961, foram gravadas as primeiras músicas realmente jamaicanas: Easy Snapping, de Theophilus Beckford e Boogie in My Bones, de Laurel Aitken.
Em 1968, surgiu o reggae. Desmond Dekker, que teve sucessivos hits nesse novo período, atingiu um feito histórico com a música Israelites, que foi número um nas paradas inglesas e ficou entre as dez mais pedidas da Billboard americana. Feito ainda maior se considerarmos que esta foi a primeira década em que se produziu música genuinamente jamaicana.
Jimmy Cliff, um dos expoentes do reggae jamaicano, teve como backing vocal uma adolescente nascida na Jamaica, filha de pai descendente de chineses e mãe descendente de ingleses e africanos, Tessanne Chin. Seus pais faziam parte da banda The Carnations. Sua irmã mais velha, Tami Chynn, também é cantora.
Depois da experiência com Cliff, Tessanne começou a compor e iniciou carreira solo. Messenger e Hideaway foram dois de seus primeiros singles. Foram bem avaliados pela crítica, mas a carreira não decolava. Então, Shaggy, com quem ela também já havia trabalhado, insistiu para que Tessanne participasse do programa The Voice, em 2013.
Dona de um formidável controle vocal, ela foi capaz de interpretar canções de gêneros muito distintos durante o programa e saiu-se muito bem em todos eles. De Unconditionally (Katy Perry) a Bridge Over Troubled Water (Simon e Garfunkel), passando por Redemption Song (Bob Marley) e I Have Nothing (Whitney Houston).
Vencedora do concurso, Tessanne firmou um contrato com a Universal Music Group e lançou, no último mês de julho, seu novo álbum, “Count on My Love”. O estilo é soul/pop, com toques de reggae, é claro! A faixa Tumbling Down, uma balada, tem sido a principal faixa de trabalho. Além de uma extensa agenda de shows, Tessane também passou a ser requisitada em importantes eventos, como é o caso da apresentação na Casa Branca, para o presidente dos EUA, Barack Obama, e uma plateia seleta de convidados (assista ao vídeo acima).
E a Jamaica não para de produzir talentos. Na edição atual do The Voice americano (7ª temporada), há mais uma jamaicana participando. Anita Antoinette, nascida em Kingston, foi para os EUA aos 8 anos de idade e é estudante de música. Turn Your Lights Down Low, de Bob Marley, foi a canção que a fez conquistar os jurados. E desta vez, será que mais uma das belas vozes da Jamaica será a vencedora novamente?