Surfar na Jamaica pode parecer uma ideia exótica, já que a ilha não é muito conhecida por esse esporte. Talvez por essa mesma razão, surfar por lá pode surpreender e revelar mais a respeito da cultura jamaicana.
O surf, na Jamaica, começou timidamente, nos anos 1950, com alguns turistas americanos, e ganhou mais adeptos já nos anos 1960, após a independência. Mesmo sendo uma ilha, não é possível surfar em qualquer parte. Ao norte, onde ficam a maioria dos resorts, o mar é flat, ou seja, sem ondas. Esse é o lado da ilha onde as ondulações são bloqueadas por outras ilhas, como Haiti, República Dominicana e Cuba.
O sul, próximo à capital, Kingston, é onde o surf acontece. O fundo do mar é de pedras, favorecendo a formação de ondas (em média, de 3 metros) durante o ano todo, sendo que as melhores estações para o esporte são o verão e o inverno.
Por ser um esporte totalmente ligado à natureza, o surf ganhou a simpatia dos rastafáris. Boa parte dos quase 200 surfistas jamaicanos são rastas. Um deles, além de surfista das antigas, é também o fundador da Associação de Surf da Jamaica e dono do Jamnesia Surf Club. Billy Mystic Wilmot surfa desde os anos 1970 e seus cinco filhos (incluindo uma mulher) seguiram o mesmo caminho. Billy também é músico e tem uma banda de reggae, a Mystic Revealers, que já gravou cinco CDs. Ao visitar a Jamnesia, de quebra, você pode curtir um ensaio.
O Jamnesia e a Associação funcionam no mesmo endereço. Lá, é possível ter aulas de surf (a filha de Billy, Imani, ensina crianças), bem como fazer pequenos reparos na prancha. É bom saber que, por enquanto, não há surf shops na ilha.
O grande barato de surfar na Jamaica, segundo brasileiros que tiveram essa experiência, é o astral do lugar. Ao contrário do Havaí, não há clima de competição o tempo todo. Os surfistas locais são hospitaleiros, gostam de assistir e também de acompanhar quem vem de fora. Outra vantagem é que não há crowd, ou seja, não há muitos surfistas pegando onda na mesma área.