Apenas 10 anos após a Jamaica tornar-se independente, em 1972, foi produzido no país o filme que é até hoje considerado o mais importante. “The Harder They Come” (no Brasil, “Balada Sangrenta”), protagonizado pelo cantor de reggae Jimmy Cliff, foi o primeiro longa-metragem a ser totalmente filmado na Jamaica, com elenco e diretor jamaicanos. Mais do que isso, mostrava a realidade de exploração e crimes que aconteciam na capital, Kingston. A trilha sonora, com músicas de Desmond Dekker, Toots and the Maytals, além do próprio Cliff, ajudou a popularizar o reggae pelo mundo.
A história do filme é inspirada na vida de um criminoso que ganhou fama na ilha, nos anos 1940. Seu nome era Vincent “Ivanhoe” Martin, mais conhecido como Rhyging. Por seus sucessivos crimes de roubo e assassinatos, além de várias fugas da prisão, Rhyging tornou-se um fora da lei lendário na Jamaica. Sua vida foi glamurizada e ele virou uma espécie de herói popular.
Em “The Harder They Come”, dirigido por Perry Henzel, Cliff faz o papel principal e se chama Ivanhoe (ou apenas Ivan) Martin. A história se passa nos anos 1970; Ivan é um garoto do interior que vai para Kingston, a fim de tentar a carreira de cantor. Em meio às dificuldades e tensões sociais da época, ele acaba cometendo um furto e sendo convidado a trabalhar no tráfico de drogas. Ivan/Cliff escreve a canção que dá nome ao filme e a mostra a um produtor que, apesar de se interessar por ela, lhe paga uma miséria.
Ivan envolve-se numa sucessão de crimes ligados ao tráfico, mata várias pessoas, incluindo policiais, e foge diversas vezes. Paralelamente, o tal produtor musical lança a música composta por Ivan/Cliff, que se torna um sucesso instantâneo. No final… não, é melhor assistir para saber!
“The Harder They Come” fez de Perry Henzel o mais importante diretor jamaicano, promoveu o reggae na Europa e nos EUA e levou a carreira musical de Jimmy Cliff ao estrelato. Ele, que na época já era conhecido e admirado por músicos como Bob Dylan, tornou-se um dos grandes astros do reggae.
Em 2005, o filme foi adaptado para o teatro, no Reino Unido, e apresentado também em Miami e Toronto. O próprio Henzel cogitava fazer um remake ou uma continuação do filme, mas não concluiu o projeto e faleceu, em 2006. Sua filha, Justine Henzell, em parceria com uma companhia britânica e outra canadense, tem trabalhado há algum tempo no remake, mas as filmagens ainda não começaram.
Os grandes méritos do filme (além da trilha sonora incrível, e que o mantém tão significativo até os dias de hoje) são ter mudado a maneira de representar a Jamaica internacionalmente e ter espalhado sua música e cultura vibrantes pelo mundo.