Carisma: qualidade de personalidade que destaca criaturas a exercerem espontaneamente atitudes de líderes, contagiando aos que lhes são próximos.
Atualmente, na política, ninguém melhor do que o presidente dos EUA, Barack Obama, exemplifica a definição. Não importa o quanto se concorde ou não com suas ideias ou com toda a ideologia que representa. O fato é que ele encanta plateias e cultiva fãs, onde quer que vá.
Assim foi a passagem de Obama pela Jamaica, no último mês de abril: um grande sucesso. Especialmente de público. A ponto da primeira-ministra do país, Portia Simpson Miller, declarar o amor do povo jamaicano ao líder norte-americano. O fato de um negro alcançar um dos postos de comando mais importantes do mundo (e repetir o feito) torna-se ainda mais especial num país como a Jamaica, de maioria negra e ainda em busca de igualdade racial.
O destino final da viagem era o Panamá, onde o presidente americano participaria da Cúpula das Américas para discutir, entre outros assuntos, as mudanças nas relações entre EUA e Cuba. A parada na Jamaica teve razões econômicas, comerciais e estratégicas. O interesse da China na região, o petróleo (barato) vindo da Venezuela e o grande fluxo de turistas americanos – alvos potenciais de uma possível ameaça terrorista – foram, certamente, alguns dos temas abordados.
Obama chegou numa quarta-feira à noite e antes de qualquer compromisso oficial visitou o Museu Bob Marley, em Kingston. Caminhando pela casa em que morou o grande ídolo do reggae, disse ainda ter todos os álbuns e declarou, posteriormente, que ir ao museu foi uma das visitas mais divertidas que fez desde que se tornou presidente. Ponto para Obama.
No dia seguinte, cumpriu uma agenda mais protocolar. Encontrou-se com a primeira-ministra Portia Simpson Miller e seguiu para a University of the West Indies. Primeiro, um encontro com líderes dos países caribenhos, depois, uma palestra para uma plateia de 350 jovens.
Para quebrar o gelo, o presidente americano saudou o público em patois, o dialeto jamaicano: “Greetings massive, wah gwaan Jamaica? (algo como “Saudações imensas, Jamaica. Como vão indo?”). Tudo bem, é pouco, não é tão difícil, mas é uma gentileza, uma interação inesperada. Ponto para Obama.
Depois do discurso, o presidente respondeu algumas perguntas, sempre de forma bastante diplomática. Na plateia, entre outros, estava Usain Bolt. Então, na hora das fotos, Obama deu uma de tiete e imitou Bolt, fazendo a pose clássica do corredor. Mais um ponto para ele.
Barack Obama é o primeiro presidente americano em exercício a visitar a Jamaica desde Ronald Reagan, em 1982. Sua simples visita não é capaz de levar embora graves problemas da sociedade jamaicana, porém, sua imagem é inspiradora. Mais do que criticar o imperialismo que ele representa, a demagogia que pratica e até o poder de sedução que exerce sobre o público, vale torcer para que muitos jamaicanos vejam em Obama um espelho e assumam a missão de fazer as mudanças necessárias. Yes, Jamaican people can!