Faltando menos de um ano para as Olimpíadas de 2016, a primeira a ser realizada no Brasil, há muitas expectativas e especulações sobre o assunto. Prazos para realização de obras, infraestrutura da cidade do Rio de Janeiro, custos envolvidos. Tudo isso é polêmico, porém, para os amantes do esporte o que vale a pena ser discutido e analisado são as chances dos atletas em cada modalidade, a rivalidade entre países, as grandes apostas e as possíveis surpresas.
Há os campeões consagrados, como o basquete norte-americano – por 21 vezes o melhor – o tênis de mesa chinês – 20 vezes ouro – e o ciclismo francês, vencedor de 41 medalhas de ouro. Ainda que com números mais modestos, a Jamaica é considerada um dos países favoritos no atletismo, no qual acumula 17 ouros.
O destaque, é claro, fica por conta de Usain Bolt, ganhador de 6 medalhas de ouro em olimpíadas, sendo 3 em Pequim e 3 em Londres. Nos dois casos, venceu os 100 m, 200 m e o revezamento 4 x 100 m, com direito ao recorde mundial de 36s84. Seus companheiros de revezamento foram Nesta Carter, Michael Frate e Asafa Powell (2008), além de Yohan Blake, que substituiu Powell em 2012. Todos eles fortíssimos competidores.
No atletismo feminino, Shelley-Ann Fraser-Pryce é comparada a Bolt. Ela levou o ouro pelos 100 m nas duas últimas olimpíadas, sendo que em Pequim ainda houve empate de duas jamaicanas no segundo lugar: Sherone Simpson e Kerron Stewart receberam medalhas de prata. No revezamento 4 x 100 m as meninas jamaicanas também costumam ir muito bem: foram prata em Sydney (2000) e Londres (2012) e ouro em Atenas (2004).
No Campeonato Mundial de Atletismo que está acontecendo neste mês de agosto, em Pequim, o atletismo jamaicano conseguiu novos recordes nos 100 m. Shelley e Bolt venceram as provas, tornando-se tricampeões mundiais. E o que mais se pode esperar dessa pequena ilha do Caribe?
Recentemente, o tenista Dustin Brown – que apesar de ter nascido na Alemanha tem pai jamaicano e morou muito tempo na Jamaica – surpreendeu a todos vencendo Rafael Nadal em Wimbledon. Ok, ele não é jamaicano, mas poderia ter optado por competir como tal se tivesse recebido o apoio necessário do país. De qualquer forma, 2015 tem sido de boas notícias no esporte para a Jamaica.
Em junho, a seleção de futebol da Jamaica participou como convidada da Copa América. Caiu num grupo difícil, com Uruguai, Paraguai e Argentina. Foram três derrotas, é verdade, mas todas por apenas 1×0, contrariando as expectativas de que perderia por goleadas.
No mês seguinte, a equipe participou da Copa Ouro da CONCACAF, que reúne os países da América do Norte, Central e ilhas do Caribe. Depois de vencer e eliminar os EUA nas semifinais, por 2×1, acabou perdendo a final para o México (por 3×1). O vice-campeonato foi a melhor colocação da Jamaica na competição desde 1998, quando chegou às semifinais.
Também na natação houve progressos, o que não é nada mal para uma ilha. Em 2014, Alia Atkinson venceu os 100 m nado peito, durante o Campeonato Mundial de Piscina Curta (25 m), realizado em Doha, no Qatar. Além de feito inédito para a Jamaica, Alia foi a primeira atleta negra a conquistar um mundial de natação. Neste ano, no Mundial de Esportes Aquáticos, em Kazan, na Rússia, a atleta ficou em terceiro lugar na mesma modalidade, conquistando para seu país a primeira medalha em mundiais de natação de piscina longa (50m).
A exemplo do que acontece no Brasil, o grande problema da Jamaica é a falta de apoio – entendam-se recursos financeiros, patrocínios. Lá, exceto no caso do atletismo, onde os resultados são expressivos, os demais esportes carecem de financiadores. Com tantos talentos insistindo em aparecer e persistindo em treinar, mesmo em condições adversas, esperamos que as Olimpíadas de 2016 possam ser palco de conquistas também para os bravos jamaicanos.