A Jamaica também é um pouco chinesa

foto: reprodução jamaica

Há coisas na vida que a gente nem imagina, como por exemplo, que existe na Jamaica uma grande comunidade de ascendência chinesa. A exemplo do que ocorreu no Brasil, com o fim da escravidão, na Jamaica, também houve dificuldades para substituir a mão de obra nas lavouras. Então, o governo resolveu recrutar trabalhadores na China e também na Índia.

Algumas mulheres jamaicanas de origem chinesa nos anos 30  |  foto: reprodução internet
Algumas mulheres jamaicanas de origem chinesa nos anos 30 | foto: reprodução internet

Os chineses chegaram em grupos, a partir de 1850. Muitos, vinham de passagens por outras ilhas caribenhas e somente o último grupo, de 1884, veio diretamente da China. No total, imigraram inicialmente para a ilha cerca de 1.400 chineses. Em 1905, o governo instituiu medidas para controlar a imigração chinesa e, em 1930, quando já havia cerca de 4.000 pessoas vindas daquele país, dificultou ainda mais.

A medida que seus contratos e trabalho expiravam, os chineses buscavam maneiras de se estabelecer na Jamaica, pois não queriam retornar ao seu país, de onde vieram fugindo da superpopulação, da fome, de secas ou inundações. Assim, começaram a abrir pequenas quitandas em Kingston. Comerciantes natos, conquistaram clientes vendendo em pequenas quantidades, facilitando o pagamento e fazendo permutas. Graças às importações feitas pelos chineses, produtos como arroz, bacalhau, carnes salgadas e farinha de milho passaram integrar a base da dieta jamaicana.

Um dos imigrantes que chegaram nas primeiras levas foi Chin Tung-Kao, que, em 1891, fundou a Sociedade Benevolente Chinesa, a fim de oferecer ajuda social e humanitária aos imigrantes, além de proteger os hábitos e preservar a cultura de seu país natal. A entidade continua em atividade até hoje.

O popular jogo chinês Cash Pot é proibido na Jamaica  |  foto: reprodução internet
O popular jogo chinês Cash Pot é proibido na Jamaica | foto: reprodução internet

Além das quitandas ou mercearias, os imigrantes chineses também abriram lavanderias, padarias e restaurantes. Porém, em 1940, a segunda geração, agora de jamaicanos-chineses, rebelou-se contra seus pais, não queriam ficar restritos ao comércio, nem ao desejo da família, de permanecer ligados à cultura chinesa. Buscaram outros tipos de trabalho e se integraram a alguns aspectos da cultura jamaicana. Um dos exemplos dessa mistura é a popularidade de um jogo chinês chamado Drop Pan (atualmente mais conhecido como Cash Pot). No jogo, aposta-se em números de 1 a 36, que são sorteados, sendo que cada número está associado a um significado. Por exemplo, o número 11 significa cachorro, o número 12, cabeça. Apesar de popular, esse jogo é ilegal, na Jamaica.

Os descendentes de chineses controlam, na Jamaica, redes de supermercado como a Island Grille, Purity e SuperPlus, além de várias padarias e restaurantes. Já tiveram representantes em concursos de Miss Jamaica e, mais recentemente, a ganhadora do The Voice nos EUA (5ª temporada), foi Tessanne Chin, uma jamaicana, filha de pai descendente de chineses e mãe descendente de ingleses e africanos. A etnia chinesa corresponde a cerca de 1,2% da população atual da Jamaica, ou, aproximadamente 34.000 pessoas.

A jamaicana Tessanne Chin é uma das mais famosas representantes da colônia chinesa na ilha. | foto: reprodução internet
A jamaicana Tessanne Chin é uma das mais famosas representantes da colônia chinesa na ilha. | foto: reprodução internet

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Silvia Carvalho

Por Silvia Carvalho

Formada em Comunicação Social, atuou na área de marketing por vários anos. Curiosidade inata e paixão por escrever são suas ferramentas para desbravar os segredos da Jamaica e levá-los aos leitores.