Alimentar-se é bem mais do que saciar a fome e satisfazer uma das necessidades básicas do ser humano. O alimento nos conecta à natureza e cura o corpo. E o corpo é um templo que, como tal, não deve ser profanado. Desta forma, todo alimento deve ser puro, natural, livre de conservantes e quaisquer outros aditivos químicos. Preferencialmente, deve vir da terra e não ser obtido a partir da morte de um animal.
Caso você simpatize com as ideias acima, uma visão um tanto filosófica de um ato tão corriqueiro, vai se interessar pela culinária ital, a dieta adotada pelos rastafáris jamaicanos. Uma das características do dialeto rastafári é a substituição da sílaba inicial de uma palavra pelo I (eu, em inglês), possivelmente, para lembrar a integração do homem com Deus e a natureza. Por exemplo, invés de power, I-wer; invés de creation, I-reation. Como a alimentação é vital, para os rastafáris, ficou sendo ital.
Não há dogmas no rastafarianismo e, por essa razão, as regras quanto à alimentação não são extremamente rígidas. Há rastas vegetarianos, outros que incluem peixes na dieta. O uso do sal também é variável, alguns utilizam, outros, o substituem por várias ervas aromáticas, como tomilho e manjericão, além de pimentas e especiarias. A comida não deve ser preparada em panelas de metal e o consumo de álcool e tabaco é proibido.
Um bom cozinheiro ital deve ser capaz de combinar ervas e temperos, que resultem numa comida saborosa. Além de frutas e verduras frescas, feijões e ervilhas são muito utilizados neste tipo de culinária, assim como o leite de coco, que é a base para caldos e molhos.
Para começar a se envolver mais com esta culinária natural e peculiar, nada melhor do que experimentar um de seus pratos: uma saborosa sopa! É muito saudável e extremamente energética.
Sopa ital
INGREDIENTES
1 xícara de abóbora (moranga) cortada em cubos
1/2 colher de chá de pimenta-do-reino
1 pimenta caribenha ou habanero
1 xícara de ervilhas secas (em metades)
8-10 xícaras de água
1 cebola
3 dentes de alho
3 inhames
1 batata-doce média
2 batatas
2 talos de cebolinha
6 galhos de tomilho fresco
2 colheres de sopa de orégano fresco
2-3 talos de espinafre (utilizar somente as folhas)
1 cenoura
1/2 xícara de aipo
2 xícaras de leite de coco
5 quiabos
1 colher de sopa de gengibre ralado (opcional)
1 banana-da-terra (meio madura)
MODO DE FAZER
1. Lave as ervilhas secas e coloque-as numa panela com 8 xícaras de água
2. Pique a cebolinha, o alho, a cebola e o aipo. Adicione quando as ervilhas começarem a ferver
3. Reduza para fogo baixo e cozinhe por cerca de 45 minutos, ou até que as ervilhas fiquem macias
4. Adicione a pimenta caribenha inteira, apenas para dar sabor
5. Quando as ervilhas já estiverem se desmanchando, adicione a banana-da-terra, os inhames, as batatas, a batata-doce, a cenoura e a abóbora, todos devidamente descascados e cortados em cubos (não muito pequenos, para não perderem a forma depois de cozidos)
6. Despeje o leite de coco e adicione o tomilho, a pimenta-do-reino e o orégano. Certifique-se de que há líquido suficiente na panela para cobrir tudo e, se necessário, adicione mais água ou leite de coco
7. Deixe ferver e reduza para fogo baixo
8. Tire as pontas dos quiabos, corte-os em rodelas de de mais ou menos 2 cm e adicione
9. Após 25 minutos, quando tudo deve estar cozido, adicione as folhas de espinafre cortadas em tiras de cerca de 1 cm
10. Deixe cozinhar por mais 7-10 minutos para que o espinafre dê sabor à sopa e para que ela engrosse um pouco
11. Retire a pimenta caribenha e os talos de tomilho
12. Sirva em bowls e se desejar, esprema algumas gotas de limão siciliano sobre a sopa fumegante
As ervas, temperos e especiarias conferem muito sabor a esta sopa, porém, se não abrir mão do sal, adicione-o após ter colocado o espinafre. Note que a sopa torna-se espessa quando esfria, então vale a pena reservar um pouco da água do cozimento (caldo) para adicionar posteriormente.