Há muitas coisas que não sabemos. Há outras tantas que achamos que sabemos. No segundo caso, é muito comum usarmos esse (des)conhecimento para falar bobagens do tipo: viu só o cabelo “rasta” daquele cara?
O nome correto do estilo de cabelo utilizado por muitos jamaicanos é dreadlock. É caracterizado por tranças longas e finas e pode ser feito com agulha, no cabelo natural, ou como apliques, de lã ou material sintético.
Os dreadlocks foram muito popularizados pelos seguidores do movimento rastafári, surgido na Jamaica, nos anos 1920. Daí deve ter surgido a confusão de nomes.
O uso de dreadlocks é muito anterior ao rastafarianismo. Povos da antiguidade já os utilizavam na África e Índia para intimidar seus inimigos. Ainda hoje, em tribos como os Masai, no Quênia, este tipo de cabelo pode ser observado entre os guerreiros.
Na Jamaica, os dreadlocks começaram a aparecer após o fim da escravidão, em 1833, como uma forma de afirmação cultural do negro frente à cultura europeia.
O movimento rastafári prega, entre outras coisas, o orgulho da raça negra e a valorização da herança africana. O uso de dreadlocks por seus seguidores é justamente uma forma de aproximação com a cultura daquele continente.
Ao pé da letra, a palavra dread, em inglês, significa medo e lock (entre outros significados), pode ser cacho de cabelo. Numa tradução livre, pode-se dizer que dreadlocks são cachos de cabelo que causam medo. Nada a ver com gostar ou não da aparência deste estilo! O medo, no caso dos rastafáris, está associado ao temor ao Senhor.
De uma forma bem simples, os dreadlocks acabam sendo uma maneira de identificar os seguidores do movimento rastafári. Então, fim da confusão: todo rastafári tem seus dreadlocks, mas nem todo adepto dos dreadlocks é rastafári.